Relacionamento com a China é fundamental para a agricultura brasileira, afirma especialista



24 de fevereiro de 2025

{{brizy_dc_image_alt entityId=

A relação com a China, principal fator de expansão das exportações de produtos agrícolas brasileiros nas últimas duas décadas, deve ganhar na diversificação de produtos, explorando novas oportunidades, disse em entrevista à Xinhua Sueme Mori, diretora de Relações Internacionais da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

O ano de 2024 foi repleto de eventos em comemoração aos 50 anos de relações diplomáticas entre Brasil e China, o que permitiu uma série de avanços nas questões comerciais e políticas entre os dois países. Foram realizadas aberturas de mercado, acordos de cooperação técnico-científica, acordos de compra de produtos e outras iniciativas.

A China continua sendo o principal destino das exportações do agronegócio brasileiro, com saldo de US$ 47,3 bilhões entre janeiro e novembro de 2024, sendo a soja seu principal produto. A importância do mercado chinês é evidenciada por ele superar em muito os demais parceiros comerciais do Brasil, que vendeu produtos agrícolas à União Europeia por US$ 21,7 bilhões e aos Estados Unidos por US$ 10,9 bilhões no período.

Em relação ao Porto de Chancay, construído pela China no norte do Peru, Mori disse que poderá contribuir no futuro para melhorar a competitividade dos produtos brasileiros, facilitando a logística.

"Nossa expectativa é positiva. Visitamos o porto e levamos um grupo de produtores para conhecer o local e acreditamos que facilitará o comércio, agilizando a logística e reduzindo custos e prazos de transporte, principalmente de produtos perecíveis", afirmou.

"Esperamos que isto aumente a nossa competitividade não só com a China, mas com toda a Ásia. Embora ainda haja falta de infraestruturas para chegar lá em alguns trechos, como estradas, vemos grandes oportunidades", observou.

Mori fez referência à nova Lei de Segurança Alimentar da China e ao Documento Número 1, principal diretriz para o setor agrícola chinês, que destaca a importância de buscar a autossuficiência na produção de grãos. Embora os documentos apontem para um crescimento da produção chinesa, as importações esperadas continuam significativas, com aumento mesmo em áreas como frutas, carnes e lacticínios.

"A nova lei é uma grande oportunidade para nós. Conhecemos agora mais claramente as necessidades da China em termos de importação de alimentos. A China procura eficiência e segurança nos seus fornecedores e devemos antecipar as suas necessidades", afirmou.

"Devemos diversificar e estar atentos a estes movimentos e apostar na manutenção e expansão da nossa cooperação com a China, não só no comércio, mas também nas parcerias estratégicas e tecnológicas", sublinhou.

As frutas brasileiras, por exemplo, têm potencial se os desafios logísticos de seu transporte competitivo forem resolvidos.

"Há um grande potencial em produtos como café, sorgo, frutas, gergelim e nozes pecan. O consumo de café na China está crescendo rapidamente, o que levou a um aumento nas importações a partir do Brasil, que cresceram mais de 200% nos últimos anos. Também abrimos mercado para o sorgo e o gergelim, e as uvas também estão sendo exportadas", disse Mori.

A diretora destacou a importância da cooperação bilateral além do comércio, que pode abrir novos horizontes para o setor.

"Penso que deveríamos nos concentrar mais no desenvolvimento de parcerias estratégicas, na cooperação, na criação de projetos conjuntos com benefícios mútuos, e em estarmos juntos, por exemplo, no estrangeiro, para abordar interesses comuns. A China tem um grande peso geopolítico. Estamos falando de comércio, mas também de investimento e tecnologia", observou.

"Por exemplo, o esforço da China para aumentar a sua produtividade baseia-se na tecnologia, na biotecnologia e nas sementes. O documento destaca constantemente a importância da indústria de sementes, entre outras coisas, por isso penso que esta é também uma oportunidade para expandir a nossa cooperação", destacou.

No ano passado, a CNA realizou diversas iniciativas para ampliar a sua presença no mercado chinês. Entre as principais está a assinatura de um Memorando de Entendimento com o China Media Group, para promover a troca de informações entre ambas as partes.

Com informações de Xinhua

Compartilhe essa publicação nas redes sociais
Copy link
URL has been copied successfully!
WhatsApp
LinkedIn
Share
Follow by Email

Conectando Culturas, Construindo Pontes

Inscreva-se em nossa newsletter e receba mais informações.